Mastologia
Sobre Rastreio e Risco do Câncer de Mama
Anualmente, são diagnosticados cerca de 57 mil novos casos de câncer de mama no Brasil. É o câncer mais incidentes nas mulheres, respondendo por cerca de 22% de todos os casos. Toda mulher, independente da história familiar, a partir dos 40 anos, deve realizar o rastreio da doença através da Mamografia, de preferência anualmente. Em alguns casos o auxílio da Ultrassonografia mamária e mais raramente da Ressonância Magnética podem ser necessários. Raríssimas são as condições que impossibilitam a realização do exame. Frequentemente somos questionados sobre a viabilidade da mamografia em pacientes com prótese mamária. É importante esclarecer que essas pacientes podem e devem realizar a Mamografia de rastreio. A Ressonância Magnética estaria reservada aos casos em que se faz necessária a avaliação da integridade das próteses ou quando a Mamografia e Ultrassonografia não foram capazes de elucidar determinada alteração.
Apesar da Mamografia ser indicada como método de rastreio, nem sempre ela é capaz de detectar as lesões malignas incipientes. Quanto maior a densidade do tecido mamário, menor a sensibilidade da Mamografia para detectar lesões, que pode ser obscurecidas pelo parênquima mamário. Nesses casos a Ultrassonografia mamária é ferramenta complementar útil no rastreio do câncer de mama.
Ultimamente tem sido recomendado rastreio através da Ressonância Magnética nas pacientes com risco significativamente aumentado para a doença. Deve-se salientar que este grupo de pacientes corresponde a minoria exposta a elevado risco. Este aumento de risco pode ser detectado por mutações genéticas comprovadas (BRCA-1 ou BRCA-2) ou em pacientes que possuam risco cumulativo superior a 20-25% de desenvolver a doença. O aumento de risco condicionado à história familiar é maior quanto mais próximo for a parente, seja mulher ou homem, acometido. Mãe, irmã e filha são ditas parentes de primeiro grau e, quando diagnosticadas, condicionam maior risco à paciente em questão. Quanto menor for a idade do diagnóstico (antes da menopausa), maior é a chance de parentes próximos serem atingidos. A doença bilateral confere risco ainda maior. De maneira geral, recomenda-se que inicie-se o rastreio dez anos antes da idade do diagnóstico do parente acometido mais jovem. Parentes de segundo grau, como tias e avós tendem a conferir menor risco familiar, principalmente com diagnósticos em idades mais avançadas. A maioria dos casos de câncer de mama (cerca de 90%) são do tipo esporádico, ou seja, acometem uma única pessoa da família. Portanto a alegação de que não existam casos de câncer de mama na família não servem como dispensa para realização da mamografia de rastreio. Pequeno aumento de risco é conferido às pacientes que nunca amamentaram ou gestaram. Novamente, ter tido mais de um filho e ter amamentado, mesmo que por longo período, não isenta a paciente de risco da doença.
Além da mamografia deve ser realizado o exame físico anual pelo médico, oportunamente na consulta de rotina preventiva ginecológica. O autoexame tem sido questionado como método diagnóstico da doença, visto que até o presente momento não se conseguiu comprovar a eficácia deste método em reduzir mortalidade do câncer de mama, principalmente nas pacientes que realizam mamografia e exame médico regulares. Mas, visto que trata-se de exame simples e inócuo, temos o hábito de recomendar às nossas pacientes, sabendo que a mamografia não é capaz de diagnosticar todos o casos. São sinais de alerta, os nódulos palpáveis que persistem após o período menstrual, a secreção mamilar sanguínea fora do período de amamentação, a retração da pele ou retração recente do mamilo, além da descamação do mamilo. Tais alterações requerem avaliação por especialista.